segunda-feira, 21 de julho de 2025

uma poesia pra faixa de gaza * Chico Canindé/PA

 uma poesia pra faixa de gaza

Entulho de Carne Fria
O prédio foi rasgado,
não desabou — foi executado.
Cada coluna, uma fratura sem anestesia.
Cada parede, uma lâmina seca.
O concreto estilhaçou como os ossos de quem esperava por abrigo.
Ferros expostos —
como nervos arrancados sem perdão.
Sem tinta.
Sem proteção.
Sem poesia.
A barbárie veio sem grito,
porque já tinham ensinado que chorar não adianta.
Poeira virou pele.
Escombro virou legado.
A cidade seguiu em frente,
com a ruína presa nos calcanhares.  

Chico Canindé/PA

Nenhum comentário:

Postar um comentário